29 Nov
29Nov

          Hoje vamos conversar um pouco sobre a mangueira, essa espécie tão querida e popular no Brasil. A mangueira pertence à família Anacardiaceae, do gênero Mangifera e sua espécie, Mangifera indica, L., é tida como a espécie mais representativa comercialmente entre cerca de 39 que compõem o gênero. São mais de 500 variedades de manga conhecida, destas, no Brasil, são cultivadas cerca de 30.   

          O cultivo da mangueira em quase todas as regiões do Brasil evidencia o seu potencial de expansão, produção e área cultivada, integrando, assim, o elenco das frutas tropicais de importância econômica, uma vez que a mangicultura é uma das principais atividades do agronegócio frutícola do Brasil, com boa representatividade nas exportações mundiais, gera empregos e renda em todo o território nacional.      

          A mangueira se adapta bem em regiões com estações seca e chuvosa  bem definidas. O período seco deve ocorrer bem antes do florescimento, para que ocorra um período de repouso vegetativo, que se prolongue até a frutificação, para evitar os danos causados pela antracnose e o oídio. Após a frutificação, é importante a ocorrência de chuva, para haver um estímulo ao desenvolvimento dos frutos.
     Quando se pode contar com um sistema de irrigação (regiões semiáridas) o plantio da mangueira pode ser feito em qualquer época do ano. Quando não se dispõe dele, realiza-se o plantio no período das águas. 

     Em relação às cultivares, as mais indicadas são as que aliam a alta produtividade a qualidades como a coloração atraente do fruto, sabor agradável entre outras características. A seguir temos as cultivares mais populares no país:

  • Tommy      Atkins:      Originada na Flórida, EUA, possui fruto de tamanho médio para      grande, com      cerca de 400 a 700      g, com casca espessa e formato oval. Apresenta coloração do fruto      atraente (laranja-amarela coberta com vermelho e púrpura intensa). A polpa é firme, suculenta, e teor de fibra médio. Resistente a antracnose e a danos mecânicos e com maior período de conservação. Precoce, amadurece bem se colhido imaturo. Apresenta problemas do colapso interno do fruto, malformação floral e teor inferior em sabor e de brix (16 º brix), quando comparado com as variedades Palmer e Haden. É uma das variedades de manga mais cultivadas mundialmente para exportação, representa 90% das exportações de manga no Brasil. Apresenta facilidade para indução floral em época quente, alta produtividade e boa vida de prateleira (Figura  1).                 

Figura 1.  Tommy      Atkins.


  • Haden: também de Origem Flórida, EUA, é uma árvore grande e com copa densa. Os frutos variam de 350 a 680 g, ovalado, amarelo quase coberto com vermelho, sabor suave, com pouca terebintina e pouca fibra. Semente monoembriônica e pequena. Relação polpa/fruto em torno de 0,66. Apresenta baixo vingamento dos frutos, o que pode ser minimizado pela utilização de polinizadores como a Tommy Atkins e a Palmer. Precoce, suscetível a antracnose. Como outras variedades selecionadas na Flórida, a Haden apresenta o problema do colapso interno do fruto. Devido a baixa produção e ao seu sabor alcança elevados preços no mercado interno (Figura 2). 

Figura 2. Haden.

  • Keitt: Porte da planta um tanto ereto e ramos de crescimento longos e finos, muito produtiva. O fruto é grande, varia entre de 600 e 900g, oval com ápice ligeiramente oblíquo, verde amarelado, corado de vermelho-róseo, bom sabor (19º Brix), fibra somente em volta da semente. A coloração do fruto não é das mais desejáveis. É comercializada no mercado interno, no entanto vem sendo substituída, pelos produtores, por outras cultivares. Semente monoembriônica e pequena. Relação polpa/fruto em torno de 70%. Resistente ao míldio e suscetível à antracnose. Sua produção é tardia permitindo prolongamento do período das safras. Possui boa vida de prateleira (Figura 3). 

Figura 3. Keitt.

  • Kent: Origem também da Flórida, EUA. Árvore ereta, de copa aberta e vigor médio, produtiva. O fruto é oval, verde amarelado, corado de vermelho purpúreo, grande, de 550 a 1000 g (com média de 657 g), muito saboroso (20,1º Brix) e alta qualidade de polpa (quase sem fibra), casca de espessura média, relação polpa/fruto de 0,62%. Semente monoembriônica. Suscetível a antracnose e ao colapso interno do fruto e baixa vida de prateleira. Ciclo de maturação médio a tardio (Figura 4).

Figura 3. Kent.

  • Van Dyke: Árvore moderadamente vigorosa, de copa aberta e muito produtiva. Fruto de tamanho médio, 300 a 400g, coloração atraente (amarela com laivos vermelhos). A polpa é firme e sem fibras longas. Possui sabor agradável e aroma superior ao da Tommy Atkins. A semente é monoembriônica e pequena. Apresenta certa irregularidade na produção. Variedade de frutificação tardia. Atualmente, não apresenta expressão significativa para comercialização (Figura 5).             

Figura 5. Van Dyke.

  • Surpresa: Frutos médios a grandes, variando de 400 a 600 g e com cor amarelo intenso. A polpa é amarela, firme, sucosa, muito doce, sabor agradável e sem fibras. A semente é pequena, a planta é muito produtiva e relativamente resistente à antracnose (Figura 6). 

Figura 6. Surpresa.

  • Espada: Uma das variedades brasileiras mais antigas e comuns, possui árvore bem vigorosa, porte elevado e muito produtiva. O fruto é verde intenso ou amarelo esverdeado, de tamanho médio, com aproximadamente 300 g, a casca lisa e espessa. A polpa tem muita fibra e coloração amarelada. Possui sabor de regular para bom (em torno de 18º Brix) e apresenta      lugar de destaque no mercado interno. Responde ao manejo da indução floral com o uso de paclobutrazol. É muito utilizada como porta-enxerto e a semente é poliembriônica, coberta com fibras (Figura 7). 

Figura 7. Espada.

  • Rosa: Assim como a ‘Espada’ é uma das variedades brasileiras mais populares. A árvore possui porte médio, de crescimento lento e copa arredondada. O fruto varia de amarelo para rosa-vermelho, peso médio em torno de 350 g. A casca é espessa e lisa; a polpa é amarelo ouro e moderadamente suculenta, fibrosa e de bom sabor (21,8º Brix). A semente é poliembriônica. Suscetível a antracnose. Cultivar importante no mercado do Distrito Federal, sendo usado tanto para suco como também para consumo fresco. Geralmente, produz em mais de uma época do ano e também responde ao manejo da indução floral com o paclobutrazol (Figura 8).    

Figura 8. Manga Rosa.

  • Palmer: Originada na Flórida, essa variedade semi-anã, de copa aberta, apresenta frutos com casca roxa quando “de vez” e vermelhos quando maduros. A polpa é   amarelada, firme, bom sabor (21,6º Brix), com pouca ou nenhuma fibra. Relação polpa/fruto é de 72%, teor médio de fibras e casca fina. As sementes são monoembriônicas e compridas. Possui boa vida de prateleira e produções regulares, além de ser     bem aceita no mercado interno. A produção é tardia, permitindo colheitas em janeiro, o que possibilita o  prolongamento do período das safras, e responde ao manejo da indução floral com paclobutrazol (Figura 9). 

Figura 9. Manga Palmer.


E aí, qual a sua preferida?



Referências


MONACO, Kamila de Almeida. Influência da sanitização e do armazenamento nos compostos bioativos de manga 'palmer' in natura e processada. 2015. xi, 129 f. Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agronômicas de Botucatu, 2015. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/139423>.
https://www.embrapa.br/mandioca-e fruticultura/cultivos/manga

http://www.cpatsa.embrapa.br:8080/sistema_producao/spmanga/cultivares.htm#espada

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