Zoneamento agrícola para espécies frutíferas no Mato Grosso do Sul

30 Nov

30Nov

O Mato Grosso do Sul (MS) não é só soja, milho e gado, pois aqui há um potencial enorme para o cultivo de várias outras espécies, entre elas estão as frutíferas. Partindo desse princípio, é importante ter ciência do zoneamento agrícola local na hora de eleger a espécie mais adequada a ser cultivada, para que as necessidades fisiológicas da espécie sejam atendidas pelas características edafoclimáticas fornecidas pelo local e a planta tenha seu pleno desenvolvimento, especialmente quando se prioriza uma espécie de valor comercial.

Mas o que seria esse Zoneamento agrícola? Segundo definição do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) é um instrumento de política agrícola e gestão de riscos na agricultura, que objetiva minimizar os riscos relacionados aos fenômenos climáticos adversos e permitir que cada município identifique a melhor época de plantio para as culturas.

Em relação às espécies frutíferas, o zoneamento agrícola pode contribuir para o estabelecimento de políticas públicas que visem a estruturação e o fortalecimento da cadeia frutícola do MS, além de viabilizar a atividade no meio rural, principalmente para a agricultura familiar, que possui dificuldades de implantar sistemas produtivos realmente sustentáveis devido à limitações de ordem comercial e climática o que tem impedido que a fruticultura se estabeleça e tenha participação na economia do Estado.

Apesar dessas adversidades, estima-se que o potencial frutícola estadual seria suficiente para atender quantitativa e qualitativamente o mercado interno e, ainda, produzir excedentes, gerando divisas através da industrialização ou da exportação in natura de algumas espécies.

Nesse sentido em 2005 a Embrapa lançou o Documento 79, no qual é definido o Zoneamento para a Fruticultura em Mato Grosso do Sul com o objetivo de indicar quais as regiões do Estado com menores riscos climáticos para o cultivo e espécies de alto valor comercial, apontando também as deficiências hídricas e térmicas de cada localidade.
Abaixo são listadas as espécies estudadas e apresentados os municípios mais indicados para o cultivo no Mato Grosso do Sul:

Cajueiro

A escolha de cultivares de cajueiro para o plantio deve levar em conta aspectos relacionados, fundamentalmente, às condições edafoclimáticas, ao sistema de produção, ao produto comercial (castanha/amêndoa ou pedúnculo) e ao setor de beneficiamento. Considerando que a diversidade de clima e solo interage diferentemente com as plantas interferindo no seu desempenho. Consequentemente, a indicação de uma cultivar para o plantio em uma região determinada dependerá de avaliações do seu desempenho em condições semelhantes. Na figura 1, observam-se os municípios mais indicados para o cultivo dessas culturas, entre os quais estão divididos em aptos sem restrições, aptos com restrições hídricas e inaptos.

Fonte: Embrapa, 2005.

Coqueiro

O coqueiro requer um clima quente, sem grandes variações de temperatura, com média anual em torno de 27 °C e oscilações diárias de 5 ºC a 7 °C, consideradas ótimas para o crescimento e produção. Mínimas diárias inferiores a 15 °C modificam a morfologia do coqueiro e, mesmo que de pequena duração, provocam desordens fisiológicas, tais como a parada do crescimento e o abortamento de flores. Na figura 2, tem-se as indicações dos municípios no MS para o cultivo desta cultura.

Fonte: Embrapa, 2005.

Bananeira

Existem muitas variedades de banana, porém poucas são utilizadas comercialmente. As variedades podem ser identificadas por características, tais como porte, ciclo, peso do cacho e resistência a doenças. Existem diversas cultivares que mostram distintamente essas características de resistência e, ou suscetibilidade tais como Caipira, D’Angola, Grande Naine, Maçã, Nanica, Nanicão, Pacovan, Prata, Prata Anã, Terra, Thap Maeo e Tropical.

Aa temperaturas indicadas para plantios comerciais de banana varia entre 15ºC a 35ºC. Em temperaturas abaixo de 15ºC, pode ocorrer paralisação do crescimento e, acima de 35ºC, o desenvolvimento é inibido em consequência da desidratação das folhas. Quando essa cultura é submetida à temperaturas abaixo dos 12º C, ocorre o distúrbio denominado “chilling”, (escurecimento da parte interna da casca). Na figura 3 estão indicados os municípios no MS mais aptos para o cultivo da baneira.

Fonte: Embrapa, 2005.

Maracujazeiro

O maracujazeiro pode ser cultivado na maioria das regiões tropicais e subtropicais. Os solos mais indicados são os arenosos ou levemente argilosos, profundos e bem drenados. Na figura 4 são destacados os municípios aptos e aqueles aptos com restrições para o cultivo do maracujazeiro no MS.

Fonte: Embrapa, 2005.

Abacaxizeiro

A abacaxicultura é intensiva em mão de obra nas suas etapas produtivas, principalmente na colheita. A maioria dos produtores são de pequeno e médio porte, com áreas plantadas variando de 10 a 20 hectares. Todas essas características tornam a cultura de grande importância econômica e social. Os maiores problemas da abacaxicultura, que impactam na produtividade, são a fusariose, a murcha associada à cochonilha, a broca-do-fruto e o manejo inadequado da adubação. Na figura 5 estão indicados os municípios mais aptos para o cultivo dessa cultura no MS.

Fonte: Embrapa, 2005.

Videira

As informações agrometeorológicas são fundamentais para o sistema de produção de uvas, pois podem ser utilizadas na definição de: locais para implantação do parreiral; sistema de irrigação e manejo da água; e proteção das plantas. Além de estarem diretamente relacionadas ao manejo do parreiral e à qualidade da uva. Sendo assim, os municípios aptos com ou sem restrições para o cultivo de uvas podem ser verificados na figura 6.

Fig. 6. Mapa de regionalização da aptidão climática para o cultivo da videira em Mato Grosso do Sul. Fonte: Embrapa, 2005.

Cítricos

O clima exerce grande influência sobre o vigor e longevidade das plantas cítricas, qualidade e quantidade de frutos. Os citros desenvolvem-se melhor em regiões de clima mais ameno, desde que os solos sejam adequados e o regime pluvial seja de aproximadamente 1.200 mm anuais, bem distribuídos durante o ano, podendo-se suplementar os déficits com água de irrigação. Na figura 7 estão ilustrados os municípios do MS aptos com e sem restrições para o bom desenvolvimento desta cultura.

Fonte: Embrapa, 2005.

Mangueira

A mangueira é cultivada nas mais diversas regiões equatoriais, tropicais e mesmo nas subtropicais, que apresentam, em muitos casos, fatores climáticos limitantes ao seu desenvolvimento, florescimento e frutificação. Considerada como planta de clima Monçonico, exige que durante o ano, ocorra um período mais seco para, em seguida, vegetar e florescer, dentro de suas potencialidades. A faixa de temperatura ideal para o cultivo varia entre 21 e 26 °C. Temperaturas extremas, maiores que 42°C, e abaixo de 10 °C limitam o seu crescimento. Conhecendo isso, na figura 8 são apresentados os municípios aptos com e sem restrições, além dos inaptos para o cultivo da mangueira no MS.

Fonte: Embrapa, 2005.

Figueira

Frutífera de clima temperado que se adapta muito bem a outras condições climáticas. Pode atingir 3 m de altura quando são realizadas podas de condução para facilitar o manejo. Seu potencial de produção pode se estender ao longo de 30 anos.

Os figos formados durante sua vida produtiva não são frutos, são inflorescências, ou seja, flores que ainda não se abriram.

No MS os municípios com potencial para produzir essa espécie são apresentados na figura 9.

Fonte: Embrapa, 2005.

Mamoeiro

A espécie Carica papaya é a mais cultivada em todo o mundo e o Brasil é responsável por cerca de 13% da produção mundial de mamão, sendo o 2º produtor mundial, atrás da Índia.

A cadeia produtiva emprega aproximadamente 33 mil pessoas, movimentando cerca de R$ 900 milhões no mercado interno. O total arrecadado com exportações pode superar US$ 50 milhões anuais, sendo a União Europeia e os EUA os principais destinos. Em relação ao clima, o mamoeiro vegeta bem em regiões de grande insolação e o solo mais adequado é o de textura areno-argilosa com pH variando de 5,5 a 6,7. Recomenda-se evitar os muito argilosos, pouco profundos ou localizados em baixadas. EM vista dessas características mais adequadas para o cultivo do mamoeiro, os municípios do MS mais adequados para o cultivo são demonstrados na figura 10.

Fonte: Embrapa, 2005.

Goiabeira

A goiabeira, planta rústica e nativa dos trópicos, apresenta fácil adaptação às variações ambientais, podendo se desenvolver em climas tropicais e subtropicais. Em regiões de clima tropical, a goiabeira pode florescer e frutificar durante o ano todo, desde que haja disponibilidade hídrica no solo. Sendo assim, todos municípios do MS são aptos para o cultivo da goiabeira (Figura 11).

Fonte: Embrapa, 2005.

A partir do conhecimento do zoneamento agrícola de uma cultura torna mais viável o estabelecimento de uma fruticultura mais segura e rentável, devido aos menores riscos de perdas de produtividade e/ou qualidade, decorrentes de déficits ou excessos térmicos ou hídricos.

Referências

LAZZAROTTO, C., FORNASIERI, J. L., COMUNELLO, E., SORIANO, B. M. A., ARAÚJO, M. R., & SANDRINI, M. Zoneamento para a fruticultura em Mato Grosso do Sul. Embrapa Agropecuária Oeste-Documentos (INFOTECA-E), 2005.

https://www.portaldbo.com.br/voce-sabe-o-que-e-zoneamento-agricola/

https://www.spo.cnptia.embrapa.br/conteudo?p_p_id=conteudoportlet_WAR_sistemasdeproducaolf6_1ga1ceportlet&p_p_lifecycle=0&p_p_state=normal&p_p_mode=view&p_p_col_id=column-1&p_p_col_count=1&p_r_p_-76293187_sistemaProducaoId=7705&p_r_p_-996514994_topicoId=10311

https://www.embrapa.br/mandioca-e-fruticultura/cultivos/abacaxi

http://www.cpatsa.embrapa.br:8080/sistema_producao/spuva/clima.html

https://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Citros/CitrosNordeste/clima.htm

http://www.fruticultura.iciag.ufu.br/manga.html#_Toc43654364 https://www.cpt.com.br/artigos/aprenda-agora-sobre-cultivo-de-figo

https://www.embrapa.br/mandioca-e fruticultura/cultivos/mamao

https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/128279/1/PLANTAR-Goiaba-ed02-2010.pdf

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